Flusser e O Dilema das Redes
O documentário "O Dilema das Redes", que versa sobre os mecanismos de manipulação e de disseminação de ideias em massa entre os usuários das tecnologias de comunicação contemporâneas, aproxima-se do conceito apresentado na ideia de "animação cultural", por Vilém Flusser, à medida que representa o domínio ideológico a que o homem é exposto em função de sua própria criação - as redes sociais -, o que o coloca em posição de ser inanimado, que tem seus interesses e ações influenciados, direcionados e até moldados pelas elites e classes privilegiadas, que controlam os meios de comunicação, a fim de que a sociedade como um todo busque aderir estilos de vida que corroborem a manutenção dessa ordem e, consequentemente, com a consolidação de uma hegemonia ideológica e cultural. Conclui-se, então, que um poder governamental que visa ao estabelecimento de uma estrutura atua com fins e meios semelhantes aos das redes, que o fazem, por exemplo, com a intenção de incentivar o consumo como forma de fomento ao sistema capitalista (que atribui aos detentores das grandes empresas de comunicação o poder econômico exacerbado), além de, de forma velada, silenciar ideias conflitantes com seus interesses, mediante a supressão da circulação de ideias políticas revolucionárias, a saber, nos meios de informação. Assim, como mencionado na ficção de Flusser, embora a própria humanidade tenha sido responsável pela criação dos meios de comunicação, uma grande parte dela se encontra oprimida por seu uso desenfreado e inadequado.
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